Fernando Gomes, diretor do programa, e o elenco: 216 000 DVDs vendidos |
Com seus 4 pontos de audiência nas manhãs e tardes da TV Cultura, de São Paulo, o programa Cocoricó parece mais modesto do que é. Trata-se, na verdade, de um dos grandes fenômenos da programação infantil atual. Seu sucesso fica claro quando se olha outro número – o da vendagem de DVDs em 2005. Nenhum outro título para crianças teve um desempenho tão bom. Foram 216.000 unidades, contra 183.000 do desenho Bob Esponja ou 100.000 de Xuxa Festa,concorrentes diretos na faixa etária em torno dos 6 anos. O dado é significativo por dois motivos: indica que os pais aprovam a mistura de entretenimento e conteúdo educativo que o Cocoricó oferece e também que as crianças não se cansam de assistir aos episódios – o desejo de repetir continuamente um punhado de histórias ou musiquinhas favoritas é um traço bem conhecido dessa idade. "Como a Cultura é um canal pequeno, oCocoricó não faz muito barulho. Mas, na base do boca-a-boca, ele pegou e está mais que consolidado", diz Ricardo Fiúza, responsável pela área de licenciamentos da emissora.
O Cocoricó investe na velha e boa técnica da manipulação de bonecos. A ação se passa numa fazenda e, entre os personagens, há um rapazote, um porco e três galinhas. O programa surgiu há dez anos – mas, curiosamente, não emplacou logo de cara. Em sua primeira versão, os bonecos eram estáticos demais e surgiam no ar apenas no intervalo de desenhos. Em 2001, sua produção foi interrompida. O Cocoricósó começou a se tornar um fenômeno a partir de 2004, quando reestreou todo reformulado. Os bonecos ganharam mais mobilidade e a ênfase passou a recair sobre divertidos números musicais – cujos clipes são o chamariz do DVD. "Chego a criar canções de três minutos, o que é uma eternidade para um programa infantil", diz o compositor do programa, Hélio Ziskind. Embora o espectador não note, a movimentação dos bonecos do Cocoricó é complexa. O cenário fica suspenso no ar e os operadores passam boa parte do tempo em pé, de frente para um monitor, a fim de checar a posição dos personagens em cena. "Como a imagem que enxergamos é invertida, todo o cuidado é pouco para não fazer um movimento em falso", diz Fernando Gomes, diretor da atração e operador do boneco protagonista, o garoto Júlio.
A Cultura tem tradição em programas infantis. A filosofia de aliar diversão e educação deu frutos como o Bambalalão,sucesso nos anos 80, e também o Rá-Tim-Bum e o Castelo Rá-Tim-Bum, que despontaram na década seguinte. Mas foi comCocoricó que a Cultura aprendeu como lucrar com suas produções. O canal público traçou uma estratégia comercial que hoje permite ao programa pagar seus custos. Graças à criação de uma divisão que gerencia as vendas de produtos associados às atrações, obteve 1 milhão de reais de rendimentos comCocoricó em 2005 – 70% do que faturou com licenciamentos. Isso é que são galinhas dos ovos de ouro.
Um comentário:
Fernando, muito obrigado pela mensagem tão simpática no nosso blog de boas notícias. Reafirmo aqui a admiração que tenho por você e pelo seu trabalho. Vai mais um fã adulto aí? abção. Rinaldo de Oliveira
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